As competências transformam vidas e impulsionam economias. Sem o investimento adequado em competências, as pessoas definham à margem da sociedade, o progresso tecnológico não se traduz em crescimento econômico e os países não podem competir numa sociedade global cada vez mais baseada no conhecimento. (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE)Uma ex-aluna se casou e foi morar com o marido francês nos arredores de Paris, assim que terminou o curso de jornalismo no início dos anos 2000. Por informações de seus colegas, soubemos que sua adaptação à realidade local estava sendo muito difícil. Completamente desanimada por não conseguir se inserir como jornalista no mercado de trabalho, enfrentou inúmeras dificuldades. O tempo passou e há cerca de três anos nos vimos em encontro casual. Bem-humorada, relatou sua história de sucesso, explicando que o governo francês, preocupado com a situação dos imigrantes e com o desemprego, criou um programa para detectar as competências e as habilidades das pessoas para inseri-las no mercado. Nesse programa, ela descobriu, a contragosto, que a única oportunidade que teria era a de trabalhar como esteticista. Fez um curso e foi contratada por uma empresa de cosméticos. Ocorre que seu superior identificou nela outras competências: falava fluentemente português, francês e espanhol; não se saía mal no inglês e tinha uma facilidade enorme para comunicar-se, interagir e liderar com pessoas. De esteticista para representante comercial da empresa, sobretudo em países latino-americanos, foi um pulo. Ela está feliz, a empresa vai bem, obrigada, em grande medida, graças a ela. A transformação pela qual está passando o mundo do trabalho, em que as empresas empregadoras não estão satisfeitas com os profissionais saídos das universidades, é uma das preocupações da OCDE, fórum mundial onde os governos trabalham em conjunto para enfrentar os desafios econômicos, sociais e ambientais da globalização. As mudanças requeridas em matéria de emprego implicam aumento na demanda por competências cognitivas não rotineiras e socioemocionais. Implicam ainda diminuição na demanda por competências cognitivas rotineiras e artesanais e por tarefas físicas repetitivas. Segundo pesquisa da OCDE – “Melhores competências, melhores empregos, melhores condições de vida: uma abordagem estratégica das políticas de competências”[1], as competências exigidas para o trabalho se transformaram totalmente na moeda global do século XXI. O estudo enfatiza três questões sobre as quais devemos refletir:
- Primeira: Como os países podem melhorar a quantidade e a qualidade das competências de sua mão de obra?
- Segunda: Como os países podem incentivar as pessoas a oferecer suas competências no mercado de trabalho?
- Terceira: Como os países podem fazer o melhor uso de seu estoque de talentos de maneira mais eficaz?